Regina sentiu a mão dele sobre o seu ventre. Uma mão tíbia e não muito grande para um rapaz que conduzia um camião. Um pouco seca, de unhas curtas. Gostava das suas mãos, como de tudo o que fosse ou viesse dele. O seu cabelo, loiro, um pouco caído sobre a testa ampla; os olhos nem grandes nem pequenos, escuros, vivos; o nariz direito. A boca, bem desenhada, franzia-se quando esperava uma respostas. E gostava do resto. Um corpo robusto, sem flacidez, uma voz bonita, um caráter sóbrio, às vezes um pouco infantil, mas sempre sem deixar de ser homem.
- Então, temos algo aqui dentro, não?
Quando ele o disse, Regina voltou a ter medo. Tinha-se esquecido que estava grávida, como cada dia, às seis, quando se encontravam. Cada tarde uma primeira vez; cada hora inédita; cada minuto irrepetido; cada segundo único.
Enovelou-se entre os lençóis e saltaram-lhe as lágrimas.
- Deus meu! Não sei o que vou fazer!
Autor: Mª Luisa Cerdá
Título original: Mi próxima aventura
Coleção Enamorada, nº 13
Editora: Agência Portuguesa de Revistas, 1983
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